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22 de fev. de 2010

Entrevista

Entrevista com o Diretor Reynaldo Boury, concedida a Netto Moura para o Blog Riacho Doce em 22/02/10.

NM - Como foi a experiência de dirigir ao lado de Paulo Ubiratan e Luiz Fernando Carvalho?
RB - O Paulo Ubiratan era tudo de bom. Excelente profissional e amigo. Uma perda lamentável. O Luiz Fernando é um gênio. Sempre com idéias renovadoras.




NM - As externas foram em Fernando de Noronha, você chegou a dirigir na ilha, ou apenas no estúdio?

RB - A direção era dividida de acordo com as necessidades dos roteiros. Na ilha fiquei com todas as cenas submarinas. Mas também em outras locações. No estúdio só não fiquei com o cenário da casa do Herson Capri e Vera Fisher. O Paulo Ubiratan
fazia questão deste cenário. Mas a maioria das cenas da Fernanda Montenegro, no estúdio, participei ativamente.

NM - E como foi trabalhar com Fernanda Montenegro, Vera Fischer, Carlos Alberto Riccelli...?

RB - Todos excelentes profissionais.


NM - O elenco era sensasional, muitas pessoas talentosas, entre elas teve alguma em especial que mais gostou de dirigir?

RB - Fernanda Montenegro com toda a certeza.


NM - Você disse que ficou com as cenas submarinas? teve que mergulhar também?
RB - As cenas submarinas foram captadas por uma camera especial, que veio de Miami apenas para a série. Ao terminar a camera voltou.
Na época era o que tinha de mais perfeito. A qualidade de imagem era perfeita. Ótima! Um cabo, ligado à camera, estava conectado ao monitor que ficava no barco. Tudo era assistido na hora da gravação, e posteriormente analisada no video tape. Não mergulhei. Não precisava.
Era muito mais objetivo ficar "vendo" através do monitor.

Depois, na revisão, todas as decisões de "valeu" ou "vamos regravar", ficava mais fácil. Todas as cenas eram cuidadosamente verificadas, antes do mergulho, pois se tivessemos que repetir, o folego dos atores iria para o espaço.
O Riccelli tinha um dublê. Era o Randal, mergulhador profissional, que tinha uma empresa de *mergulho submarino* para os turistas.
Todas as cenas eram acompanhadas por um fiscal do Ibama, para preservação da fauna.Tudo muito complicado, mas que deu certo.
A cena do harpão foi a mais complicada, pois envolvia seres humanos e se a arma disparasse, sem querer, seria muito perigoso.
Ao terminar a gravação realizei um mergulho submarino, claro com o Randal ao meu lado. Fiquei por 45 minutos "vagando" pelo fundo do mar, a 25 metros de profundidade. Tudo devidamente registrado com uma gravação "ao vivo."
Recordação de uma viagem inesquecivel.
O Randal disse que o astronauta foi até a lua e o Boury até o fundo do mar.


NM - Este ano a minissérie completa 20 anos, se houvesse uma nova versão, quem você escalaria para fazer os papéis principais?

RB - Muito dificil escalar outro elenco para repetir o sucesso da primeira versão. Mas a Fernanda Montenegro estaria no meu elenco, sem sobras de dúvidas.


NM - Entre tantos trabalhos na TV acho difícil escolher um ou dois, mas qual lhe deu mais satisfação em fazer?

RB - A melhor novela que dirigí foi *Tieta*. Tudo dava certo. Elenco afiadíssimo com a Direção. O clima era o melhor possível. Nada se compara a *Tieta*


NM - Atualmente está trabalhando ou com algum projeto?

RB - No momento estou com um Projeto de uma novela para a TV de Angola. Em 2008 realizei uma novela, também para a TV Angolana e foi um sucesso.

Reynaldo conta algumas curiosidades de bastidores, e revela que a atriz Cássia Kiss foi substituída em última hora.


"A Beth Goulart não era a personagem escalada para o personagem. Era a Cássia Kiss, que chegou a ir para Fernando de Noronha, mas se desentendeu com o Paulo Ubiratan e foi cortada."


"As primeiras gravações da personagem seria nas externas em Noronha.
No primeiro dia, seria no exterior da Casa de Carlos e Eduarda.
A Cássia queria por que queria usar um chapéu imenso. A figurinista, Beth Filipeck não aprovou. Avisou ao Paulo Ubiratan da insistência da Cássia.

Recado do Paulo para a Cássia através da figurinista: " - Tira o chapéu."


" - Não vou tirar. Faz parte do personagem. Me sinto bem com ele."

" - O Paulo mandou tirar."
" - Não tiro. Pronto."

O Paulo que a tudo assistia de longe, foi falar com ela.
Ela batia o pé firme de não tirar o chapéu. O Paulo afirmou.

"Ok, não tira, mas você está fora da série. Pode trocar a roupa e esperar a hora de embarcar de volta, para o Rio de Janeiro."


Foi uma bomba! Toda a gravação estava atrasada. Não haveria tempo de trocar a atriz. Além do que estávamos em Fernando de Noronha.
Não teve jeito.
O Paulo estava irredutível. Tem que trocar.

O escalado para voltar para o Rio e selecionar outra atriz, sobrou pra mim.

Quando estava em Recife, no aeroporto entrei em contato com a Beth Goulart. Ela topou. Quando cheguei ao Rio, tudo já estava providenciado.
A Beth sairia de São Paulo, onde morava. Foi direto para Recife, onde nos encontramos e voamos para Fernando de Noronha, onde, do aeroporto ela foi direto para a locação."


Reynaldo ainda conta outro fato curioso do ator Rômulo Arantes do Nascimento


"A equipe técnica e artística da série lá em Fernando de Noronha, costumava ir as noites, na única boate da ilha.
Tudo na mais perfeita harmonia com os nativos (assim eram chamados os moradores da Ilha). Mas sempre tem aquele que quer se mostrar um pouco.

" - Voce é o tal campeão de natação?" Era um nativo perguntando para o Rômulo, que na época era campeão mundial de natação.
" - Sou. porque?"

" - Pois estou te desafiando para uma peleja lá na bahia."


O Rômulo procurou por todos os meios de não aceitar a proposta.
Mas não teve jeito.
O nativo perturbou por toda a noite. E nas próximas noites também insistia no desafio. Afinal ele era "o cara" da Ilha. Ninguém nunca tinha ganhado dele.
Depois de muita conversas, ficou acertado o desafio valendo 5 caixas de cerveja para as noitadas na boate. No dia, toda a população da Ilha estava pronta para assistir o embate.
O percurso seria algo em torno de 200 metros. Quando foi dada a largada, o Rômulo simplesmente não caiu na água. Teria desistido?
Depois que o nativo já estava mais ou menos no meio do percurso, o Rômulo mergulhou. Passou pelo nativo como um raio, e chegou com uma boa diferença. O desafiador estava arrasado. Foi estrondosamente vaiado. E a noite teve que amargar as gozações de todos na boate. Mas tudo terminou numa boa. Acabaram dois grandes amigos até o final das gravações."

Reynaldo, muito obrigado pela entrevista, agradeço a gentileza e colaboração com blog.


mais sobre o Diretor: Blog - Wikipédia


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